Os Açores na Primeira Guerra Mundial

Após o início da guerra, os Açores sofreram rapidamente um
declínio nas exportações para os seus mercados tradicionais,
particularmente a Grã-Bretanha. A Marinha Britânica foi
obrigada a reduzir a sua presença nas águas em redor dos
Açores em favor de outros teatros de guerra, o que
praticamente paralisou o comércio nos Açores a partir de
Janeiro de 1915, após o aparecimento de submarinos alemães
ao largo do arquipélago.

Após a entrada de Portugal na guerra, o submarino imperial U-
155 bombardeou Ponta Degada a 4 de julho de 1917, fazendo

com que, pela primeira vez, a população dos Açores fosse
diretamente afetada pela guerra. Para restabelecer o salvo-

conduto nas águas dos Açores, os EUA criaram uma base
militar em Ponta Delgada, no início de 1918. Ao mesmo tempo,
foi ali fundado um Alto Comissariado da República.
Sem reforços militares de Portugal continental, a vida do povo
dos Açores deteriorou-se significativamente. Por um lado, as
restrições comerciais causaram perdas financeiras e, por outro
lado, muitos agricultores tiveram de abandonar os seus campos
devido às medidas defensivas. E como o infortúnio raramente
vem só, para além da fome e da guerra, eclodiu também a
peste, que perturbou ainda mais a ordem pública, já de si
abalada pela turbulência política interna.
As maiores epidemias de gripe do século XX afetaram quase
todas as ilhas dos Açores, enquanto a guerra naval provocava
ainda escassez de alimentos e de medicamentos.
Nesta situação terrível, as autoridades locais conseguiram tirar
o máximo partido dos limitados recursos tecnológicos e
económicos disponíveis, incluindo o trabalho em concertação
com os comandantes militares.